domingo, 28 de junho de 2020

A morte do barraqueiro


Assisto à festa
de homens e mulheres,
de velhos e crianças,
de moças e rapazes.

E em festa

me vou.

Em um balão

de vento
pulo.

Eu viro
cambalhota,
eu grito.

Muito à vontade,
e bem diferente do
que sou.

Balão de ar
que me faz
esquecer a própria
cidade em festa,
agitando-se diante
e dentro de mim.

Ouço tiros.


E num instante,

meu ser esmorece.

Meu balão

inventado de ar
esvazia-se.

E a sensação

de que à frente
há um caminho,
veio acompanhada
de um outro distante
que não mais.

Os tiros na madrugada

mataram o barraqueiro.

"Se era noivo, se era virgem,

se era alegre, se era bom,
não sei,
é tarde para saber".

E no local do crime,

sob os olhos dos festeiros,
jazia os olhos frios do
Barraqueiro sobre o espesso
sangue na rua.

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