segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Oração à Nossa Senhora das Graças



Súplica - Ó Imaculada Virgem Mãe de Deus e nossa Mãe, ao comtemplar-vos de braços abertos derramando graças sobre os que vo-las pedem, cheios de confiança na vossa poderosa intercessão, inúmeras vezes manifestada pela Medalha Milagrosa, embora reconhecendo a nossa indignidade por causa de nossas inúmeras culpas, acercamo-nos de vossos pés para vos expor, durante esta oração, as nossas mais prementes necessidades (momento de silêncio e de pedir a graça desejada).

Concedei, pois, ó Virgem da Medalha Milagrosa, este favor que confiantes vos solicitamos, para maior glória de Deus, engrandecimento do vosso nome, e o bem de nossas almas.

E para melhor servirmos ao vosso Divino Filho, inspirai-nos profundo ódio ao pecado e dai-nos coragem de nos afirmar sempre verdadeiros cristãos. Amém. Rezar 3 Ave Marias. - Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.

Oração Final - Santíssima Virgem, eu creio e confesso vossa Santa e Imaculada Conceição, pura e sem mancha. Ó puríssima Virgem Maria, por vossa Conceição Imaculada e gloriosa prerrogativa de Mãe de Deus, alcançai-me de vosso amado Filho a humildade, a caridade, a obediência, a castidade, a santa pureza de coração, de corpo e espírito, a perseverança na prática do bem, uma santa vida e uma boa morte. Amém.

domingo, 4 de outubro de 2009

Oração de São Francisco de Assis

























Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.

Amém.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Uma questão de vestibular

"O que pessoas modernas dizem com a maior convicção dirigindo-se a platéias apinhadas geralmente vai contra os fatos...". (G. K. Chersterton)

(Fuvest) “Considerados em seu conjunto, são a parte mais baixa da sociedade. Ocupam uma posição intermediária entre o trabalhador e o aristocrata: ao empregar o primeiro, e ao ser empregado do segundo, insensivelmente contraem os vícios do tirano e do escravo. São os tiranos dos que estão acima deles: usurários por necessidade e hábito, aproveitam à (sic) debilidade do trabalhador e exploram tudo o que podem da vaidade do aristocrata. Desde logo, as classes médias são as destruidoras da liberdade e da felicidade em todos os países”. (GUARDIAN, 23 março de 1833).

a) Qual o tema deste texto de 1833?
b) Relacione o texto com o momento histórico no qual foi elaborado.


Eis aí uma questão de história encontrada em um dos mais importantes vestibulares do Brasil. Atenção: poderá parecer para alguns tratar-se de exagero de minha parte, porém estou convencido de não está exagerando em nada. A questão retromencionada sugere para o aluno, apesar das perguntas insinuarem uma aparente isenção, que este está impedido de dar a resposta real, isto é, mostrar as argúcias sofísticas do texto. De fato, não é esse o desejo do examinador, tanto que a resposta se encontra na própria pergunta. Qual não! Há sim um ódio mascarado nas entrelinhas, uma mensagem subliminar de revolta. Um, sei lá, antiamericanismo.

De mais a mais, para esse texto não há resposta, por mais se esquente a cabeça, não há resposta. Salvo se se mostrasse sua anomalia. Não há outro modo de condizê-lo senão por sua doença, qual o médico que começa por apalpar o enfermo até pôr o dedo na ferida. Todavia o aluno há de submeter-se aos caprichos do examinador, pois do contrário não terá - no ano seguinte à prova - sua vaguinha na tão sonhada instituição de "feras".

Não obstante isso, para responder as questões "a" e "b" dever-se-ia primeiro investigar o quadro doentio da década de 1833, encontrado em seus principais representantes; que estão, a propósito, afastados da realidade.

Vai uma passagem do livro de Von Mises, As Seis Lições, a fim de mantê-lo protegido acerca de algum desonesto elaborador de prova. Ei-la:

“A velha história, repetida centenas de vezes, de que as fábricas empregavam mulheres e crianças que, antes de trabalharem nessas fábricas, viviam em condições satisfatórias, é um dos maiores embustes da história. As mães que trabalhavam nas fábricas não tinham o que cozinhar: não abandonavam seus lares e suas cozinhas para se dirigir às fábricas – acorriam a elas porque não tinham cozinhas e, ainda que as tivessem, não tinham comida para nelas cozinharem. E as crianças não provinham de um ambiente confortável: estavam famintas, estavam morrendo. E todo o tão falado e indescritível horror do capitalismo primitivo pode ser refutado por uma única estatística: precisamente nesses anos de expansão do capitalismo na Inglaterra, no chamado período da Revolução Industrial inglesa, entre 1760 e 1830, a população do país dobrou, o que significa que centenas de milhares de criançasque em outros tempos teriam morrido sobreviveram e cresceram, tornando-se homens e mulheres.”
 

De resto, se você se aventurar por esse caminho, será sem duvida nenhuma reprovado. De qualquer maneira, mais vale ser reprovado em nome da verdade do que em nome de qualquer instituição.
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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Oração para os estudos

São Tomás de Aquino
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Infalível Criador, que dos tesouros da Vossa sabedoria tiraste as hierarquias dos Anjos pondo-as com ordem admirável no céu, e que distribuístes o universo com encantadora harmonia, Vós, que sois a verdadeira fonte da luz e o princípio supremo da sabedoria, difundi sobre as trevas da minha mente o raio do esplendor, removendo as duplas trevas em que nasci: o pecado e a ignorância.

Vós, que tornaste fecunda a língua das crianças, tornai erudita a minha língua e espalhai sobre os meus lábios a vossa bênção. Concede-me a agudeza para entender, a capacidade de reter, a sutileza de relevar, a facilidade de aprender, a graça abundante de falar e de escrever. Ensina-me a começar, rege-me a continuar e perseverar até o término, ó Vós, que sois verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que vive e reina pelos séculos dos séculos. Amém.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Os avaliadores II



Outro dia recebi em minha caixa de e-mail um “texto” e que era introduzido por quem me mandou deste modo: “Caríssimos professores, estou compartilhando o texto em tela para reflexão da nossa práxis pedagógica. Att.”

Agora vamos ao texto enviado:


Jornal do Commercio, 13/05/2009 - Recife PE
"A ausência do professor de direito (Evandro Carvalho)

A formação em direito no Brasil tem sofrido profundas alterações nestes últimos anos. A proliferação dos cursos jurídicos acarretou a ampliação do número de alunos, bacharéis e professores de direito. Desde o início deste processo, o MEC e a OAB buscaram fixar padrões de qualidade para os cursos jurídicos. Exigiu-se, entre outras medidas, a inclusão de novos conteúdos no currículo, uma quantidade mínima de livros na biblioteca, uma estrutura adequada e compatível para as atividades de prática jurídica, contratação de professores em regime de tempo integral e com titulação de mestre ou doutor. Foram medidas necessárias mas que, atualmente, dão sinais de insuficiência. Porém, não houve mudança substancial no modelo de ensino jurídico, que ainda é o mesmo de décadas passadas. O professor ainda é visto como uma autoridade, suas aulas assumem invariavelmente a forma de palestras e as avaliações que aplica resumem-se a testar a capacidade do aluno de decorar artigos de lei. Os alunos, por sua vez, não frequentam as bibliotecas, não questionam o que aprendem e continuam presos aos manuais. Os vícios do passado persistem. Não se estimula a interdisciplinaridade, não se cobra a leitura, o professor não faz pesquisa por falta de condições ou de interesse, nem aprimora as metodologias de ensino e de avaliação. O modelo de organização da gestão acadêmica é outro componente que carece de inovação. Ele é geralmente voltado para a gestão do currículo.

A superação deste estado de coisas parece não mais depender tanto do MEC ou da OAB. A solução tem que vir daqueles que estão envolvidos direta e efetivamente com o processo de ensino-aprendizagem, ou seja, dos professores e dos gestores. Isto requer uma mudança de atitude. Alguns obstáculos impedem, contudo, esta mudança em breve tempo. São eles: 1) a feroz concorrência de preços entre as faculdades privadas, derrubando para níveis críticos a qualidade do ensino, e 2) a falta de profissionalização na área da educação superior em direito. São poucos os professores que se dedicam exclusivamente ao ensino, à pesquisa e à gestão acadêmica. A grande maioria deles exerce outras atividades: advocacia, magistratura, preparação para concursos, etc. Entre os que querem viver do ensino, muitos ainda dividem o seu tempo e sua preocupação com o mestrado ou o doutorado. Este quadro é do conhecimento da Associação Brasileira de Ensino do Direito (Abedi) que, em encontro realizado no mês de abril, no Rio de Janeiro, decidiu abrir uma agenda de trabalho focada no profissional da educação jurídica. Trata-se daquele professor que produz conhecimento inovador com base em pesquisa séria, que se envolve com o projeto pedagógico da instituição de ensino superior ao qual está vinculado, que acompanha o desenvolvimento acadêmico de seus alunos, que aprimora os seus métodos de ensino e de avaliação, que faz uso das novas tecnologias em favor do ensino, que estabelece projetos interinstitucionais envolvendo diversos setores da sociedade e áreas do conhecimento. Este profissional é elemento-chave para a transformação do ensino jurídico brasileiro. É por isto que a Abedi reclama a volta do professor em boa hora. Ignorar este reclame é persistir no erro de que o direito pode prescindir dos profissionais da educação jurídica – justamente aqueles que têm o dever de ser a consciência crítica da cultura jurídica brasileira por não terem compromisso com o poder.”

Leram este "texto", muito bem.

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Por obséquio leiam também o Texto que segue abaixo:



Educação ao contrário
Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 27 de janeiro de 2009.


“Clicando no Google a palavra “Educação” seguida da expressão “direito de todos”, encontrei 671 mil referências. Só de artigos acadêmicos a respeito, 5.120. “Educação inclusiva” dá 262 mil respostas. Experimente clicar agora “Educar-se é dever de cada um”: nenhum resultado. “Educar-se é dever de todos”: nenhum resultado. “Educar-se é dever do cidadão”: nenhum resultado.

Isso basta para explicar por que os estudantes brasileiros tiram sempre os últimos lugares nos testes internacionais. A idéia de que educar-se seja um dever jamais parece ter ocorrido às mentes iluminadas que orientam (ou desorientam) a formação (ou deformação) das mentes das nossas crianças.

Eis também a razão pela qual, quando meus filhos me perguntavam por que tinham de ir para a escola, eu só conseguia lhes responder que se não fizessem isso eu iria para a cadeia; que, portanto, deveriam submeter-se àquele ritual absurdo por amor ao seu velho pai. Jamais consegui encontrar outra justificativa. Também lhes recomendei que só se esforçassem o bastante para tirar as notas mínimas, sem perder mais tempo com aquela bobagem. Se quisessem adquirir cultura, que estudassem em casa, sob a minha orientação. Tenho oito filhos. Nenhum deles é inculto. Mas o mais erudito de todos, não por coincidência, é aquele que freqüentou escola por menos tempo.

A idéia de que a educação é um direito é uma das mais esquisitas que já passaram pela mente humana. É só a repetição obsessiva que lhe dá alguma credibilidade. Que é um direito, afinal? É uma obrigação que alguém tem para com você. Amputado da obrigação que impõe a um terceiro, o direito não tem substância nenhuma. É como dizer que as crianças têm direito à alimentação sem que ninguém tenha a obrigação de alimentá-las. A palavra “direito” é apenas um modo eufemístico de designar a obrigação dos outros.

Os outros, no caso, são as pessoas e instituições nominalmente incumbidas de “dar” educação aos brasileiros: professores, pedagogos, ministros, intelectuais e uma multidão de burocratas. Quando essas criaturas dizem que você tem direito à educação, estão apenas enunciando uma obrigação que incumbe a elas próprias. Por que, então, fazem disso uma campanha publicitária? Por que publicam anúncios que logicamente só devem ser lidos por elas mesmas? Será que até para se convencer das suas próprias obrigações elas têm de gastar dinheiro do governo? Ou são tão preguiçosas que precisam incitar a população para que as pressione a cumprir seu dever? Cada tostão gasto em campanhas desse tipo é um absurdo e um crime.

Mais ainda, a experiência universal dos educadores genuínos prova que o sujeito ativo do processo educacional é o estudante, não o professor, o diretor da escola ou toda a burocracia estatal reunida. Ninguém pode “dar” educação a ninguém. Educação é uma conquista pessoal, e só se obtém quando o impulso para ela é sincero, vem do fundo da alma e não de uma obrigação imposta de fora. Ninguém se educa contra a sua própria vontade, no mínimo porque estudar requer concentração, e pressão de fora é o contrário da concentração. O máximo que um estudante pode receber de fora são os meios e a oportunidade de educar-se. Mas isso não servirá para nada se ele não estiver motivado a buscar conhecimento. Gritar no ouvido dele que a educação é um direito seu só o impele a cobrar tudo dos outros – do Estado, da sociedade – e nada de si mesmo.

Se há uma coisa óbvia na cultura brasileira, é o desprezo pelo conhecimento e a concomitante veneração pelos títulos e diplomas que dão acesso aos bons empregos. Isso é uma constante que vem do tempo do Império e já foi abundantemente documentada na nossa literatura. Nessas condições, campanhas publicitárias que enfatizem a educação como um direito a ser cobrado e não como uma obrigação a ser cumprida pelo próprio destinatário da campanha têm um efeito corruptor quase tão grave quanto o do tráfico de drogas. Elas incitam as pessoas a esperar que o governo lhes dê a ferramenta mágica para subir na vida sem que isto implique, da parte delas, nenhum amor aos estudos, e sim apenas o desejo do diploma.

*****

Notaram a diferença!

Encontramos duas posições distintas. A primeira representa a voz de uma pedagogia fajuta. A segunda expressa a preocupação constante de dar ao aluno, principalmente, a possibilidade de se perceber como o verdadeiro agente do ato de conhecer.

Abro um parêntese. Estou compartilhando o texto em tela para reflexão da nossa práxis pedagógica. Isto quer dizer que o “texto em tela” servir-nos-á como medida negativa, já que não é aconselhável levar em conta a escrita do senhor Evandro Carvalho. Ou, diz o contrário, isto é, professores vejam que coisa maravilhosa para pensarmos na nossa práxis (essa palavra é tão carregada de esquerdismo que dá nojo usá-la, mas permitam-me só para conversa fluir) pedagógica. Quando a linguagem é ambígua não só produz efeitos negativos à inteligência, como também à realidade social. (Sócrates). Fecho o parêntese.

Por um lado, não me acusem de olavete, sei lá. Mas se me acusarem também, que se dane. Ainda, não façam uso de relativismos. Persigam a verdade. E agindo assim, o “texto” do senhor Evandro se nos revelará como a expressão do fracasso da educação brasileira, e não do sucesso como ele pretende ao tentar encontrar o problema tendo em vista a pedagogia do oprimido.

Por outro lado, o artigo do filósofo Olavo de Carvalho nos dá a oportunidade de perceber – em meio às trevas que reinam – a saída para uma educação de homens verdadeiramente maduros, eminentes.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Os avaliadores

Fui mestrando em ciência política na UFRJ. Pensei em ingressar num curso de pós-graduação para aprimorar meus conhecimentos. Não sabia, porém, que para conhecer política não precisava ir para UFRJ. E durante o mestrado o que sentia era exatamente o contrário ao que me motivou a buscá-lo. Mas, por fraqueza, continuei fazendo os créditos.

No mesmo período do mestrado descobri autores que nunca eram citados em sala de aula, e os descobri através da extinta Primeira Leitura. Essa descoberta, pois, mudou por completo o meu modo de pensar em matéria de ciência política. Quando entrei em contato com Eric Voegelin (este através de um amigo que estimo muito), Hayek, Frédéric Bastiat, por exemplo, eles despertaram em mim uma nova corrida ao saber. E sem dúvida que esse novo sentido chocou-se com o velho existente na instituição onde estudava. Porquanto os professores que nutrem profunda admiração por um pensamento esquerdista, vez que a universidade brasileira é de esquerda, não admitem discussões que tragam à baila pensadores tão notáveis como os retromencionados.

Desse modo, fiquei em uma encruzilhada: defendo minha dissertação, independente do meu orientador ser de esquerda e autoritário para tão só adquirir o título, ou diria não. Ora, sendo já um professor, deveria aceitar tão vil condição, quando não era isso que falava em minhas aulas? Sim, errei. Errei por ter feito uma escolha que julgava capacitar-me melhor em matéria de ciência política. E durante algum tempo tomar a decisão, fazer a escolha doía-me. Até porque sabia que o mestrado seria essencial à manutenção de minha vida. Acostumamo-nos com idéias ruins e depois nos tornamos presas delas. Mas fiz a escolha e paguei o preço por tê-la feito: fui demitido.

Isso posto.

O Ministério da Educação e Cultura avalia as intstituições de ensino pelo menos uma vez por ano. Cuide-se no entanto de julgar uma instituição não apenas pelos mestres e doutores que a compõem; mas, sobretudo, pelo que eles ensinam.

Com efeito, é a partir do que se ensina que uma instituição deve ser avaliada. E entre um título e um professor vale este pela qualidade de seu magistério. Assim, que o professor não persuada o aluno com agrados que não dizem respeito à verdadeira ratio pedagógica. E o aluno por sua vez deverá sim entender que sua missão não é diferente da do professor: zelar pela sabedoria. Aliás, este é o verdadeiro agente do ato de conhecer. Nesse sentido, veja o brilhante artigo do filósofo Olavo de Carvalho: "Educação ao contrário". Leiam aqui.

Evidentemente todo conteúdo ensinado estará comprometido com a Verdade. Desse modo, todo esforço deverá ser reconhecido por aqueles que estão empenhados à mesma causa: professor e aluno. Sugere-se, pois, a tradição. Mas, em que consiste essa tradição?

Numa sala de aula o que se deve estimular é a capacidade de reflexão. Portanto, os autores modernos, em princípio, devem ser rechaçados. Por outro lado, é aconselhável que os alunos sejam animados a estudar os clássicos, em primeiro lugar. Com efeito, será mais proveitosa a eles a empreitada de estudar Platão e Aristóteles, por exemplo, que a de Foucault e outros dessa estirpe.

Nessa ordem, os autores medievais não poderão ser omitidos. De fato, o professor terá de estudá-los e incentivar os seus alunos para que estes cresçam através da leitura dos Santos. Dito isso, Santo Agostinho, São Tomás, Hugo de São Vítor, por exemplo, serão excelentes guias para os estudos de Filosofia Cristã e, por conseguinte, de uma vida virtuosa com Deus.

Além disso, toda e qualquer instituição comprometida com o saber terá em seus professores a preocupação constante em formar amigos do saber, como deveriam ser eles mesmos: os professores. Sabendo-se que todo esforço do professor será recompensado a partir do momento em que os alunos compreenderem a importância de amar a Sabedoria.

Abro parêntese, como não há mais em nossas escolas o estudo do Latim, caberá ao professor estimular o aluno a estudar essa disciplina como autodidata. Para tanto, a Gramática Latina do professor Napoleão Mendes de Almeida é um bom começo. Outra disciplina que merece atenção dos alunos e dos professores é a Lógica, já que ela, segundo São Tomás, citado por Paulo Faitanin, é a arte diretiva do próprio ato da razão, por meio do qual o homem em seu próprio ato da razão ordena facilmente e procede sem erro. Desse modo, parece que o livro Métodos Lógicos e Dialéticos de Mário Ferreira dos Santos será de grande utilidade. Ou Analíticas I e II de Aristóteles. Os Tópicos, etc. Não se deixando vencer, porém, pelas dificuldades que acaso surjam; já que, como nos ensina Platão, o belo é difícil. Fecho parêntese.

Com bases nesses estudos e igualmente com o decorrer dos anos os alunos serão capazes de distinguir o verdadeiro do falso, escolhendo aquele, é claro. Sendo assim, tendo os professores títulos de mestrado, ou doutorado, isso não importará; visto que o importante, sem dúvida, é o que eles ensinam. Sinceramente, não vejo riqueza em gente que se orgulha por defender uma tese de doutorado para simplesmente gabar-se, qual uma criança se ufana de seu brinquedo.

Se for portanto o título o único critério de avaliação, o mais importante não será o amor ao saber, mas o escudo que o “ilustre” professor por trás se esconde. Uma forma vil de defesa.

De mais a mais, se porventura o aluno não estudou no tempo devido de sua formação, quer por lhe faltar quem o indicasse, quer mesmo por preguiça, os conteúdos essenciais, terá por obrigação e esforço pessoal de adquiri-los, sob pena de se tornar um mero papagaio de pirata, se posso dizer assim. Sem se esquecer, aliás, que não saber e não querer saber são de longe duas coisas bem diversas. Não saber é questão de incapacidade, mas detestar o saber é perversidade da vontade. Diz, por iluminação Divina, Hugo de São Vítor.

Ainda, se o MEC, através de seus avaliadores, considerar apenas o número de mestres e doutores de uma dada instituição de ensino, não estará a serviço da educação. Ao contrário. Não se quer dizer com isso que mestrado e doutorado não têm importância alguma, talvez tenham, eu descobri que não. Aliás, títulos suspeitos no Brasil, já que estes nem sempre representam o verdadeiro ofício do magistério, quer dizer, do professor. Mas são sim expressões da vaidade e da obstinação.

Penso ainda que aluno e professor devam afastar a nociva idéia tão já disseminada, desde a Renascença principalmente, de que o homem basta a si mesmo. E compreenderem que participam em perfeição com Aquele que lhes é maior: Deus. Como orienta, nesse sentido, o Apóstolo Paulo em sua Segunda Epístola aos Coríntios X, 17-18: Ora, quem se gloria, glorie-se no Senhor. Pois merece a aprovação não aquele que se recomenda a si mesmo, mas aquele que o Senhor recomenda.

Ademais, foi pela vaidade de alguns “heréticos inteligentes”, para usar uma expressão de Chersteton, que chegamos aonde chegamos com relação às coisas ruins de nosso tempo. Como nos chama atenção o Sumo Pontífice Pio X, em sua Carta Encíclica: Pascendi Dominici Gregis.

E encerrando, penso que os avaliadores do Ministério da Educação e Cultura não estão preocupados com o que é ensinado, porquanto o que de ruim se propaga em nossas escolas são eles signatários. Não se importarão se os nossos alunos cada dia mais e mais recebem não conhecimento, mas arremedo disto. Um lamentável quadro de desestímulo ao saber, e conseguintemente à Verdade.

Paradoxalmente, quanto mais andamos mais permanecemos no lugar. Pobre nação.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

A morte do barraqueiro

Assisto, da sacada,
à festa de pessoas:
homens e mulheres;
velhos e crianças;
moças e rapazes.
Me deixo levar
por aqueles que
se divertem...

Num balão de vento,
bem numa praça, pulo.
Viro cambalhota, grito,
Como se me
sentisse à vontade,
Como se me
conhecesse indiferente.
.
Nessa hora
não sei o que é o mundo,
nem sei nada.
Só pulo.

Mas o que caberia a mim saber, além disso? Pular.

Balão de ar que me faz esquecer
a própria cidade em festa,
se agitando diante de mim.

Depressa!
Pois só me resta saltar.

Deus!
Escuto tiros.

“Os tiros na madrugada liquidaram o barraqueiro.
Se era noivo, se era virgem, se era alegre, se era bom,
não sei,
é tarde para saber.”

Num instante,
minha vida murcha lentamente,
meu balão inventado se esvazia.
Me vou com tom pensativo
para um lugar que sei e
pra outro onde não estou mais.
.
Não diga: à frente uma estrada infinita;
Atrás uma curta que se traçou.

Além do que...
Sob os olhos dos festeiros,
o que jaz inclusive.
Corre o sangue espesso na rua.
.
Coitado do barraqueiro.