sexta-feira, 29 de maio de 2020

Memória de olvido


Tão pálido rosto,
tão exangüe,
morto.

E cedo só será um nome
que o tempo apagará
no tempo mesmo de
cada vida apagada.

Mas ainda assim
beijo a tua face fria.

Que vil beijo!

Porque vejo
só o que existe.

É um simples gesto
do resto que me restou.

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Instante


Da transparência das horas
que vão se despedindo.

Da purificação e do esquecimento.

Das duas realidades
que não se antepõem.

Do sol que vai nascendo
sobre a viva flôr branca
dos lírios.

E do instante,
um sempre aparente
instante, primeiro e único
instante do suave perfume
da flôr branca dos lírios.

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Espanto


O sol se põe nas
tampas dos morros
vastos e vazios.

Põe-se em um último
raio de luz amarelado.

E uma voz silenciosa
em sua quietude
misteriosa,

Manifesta-se:

Espanta-te
alma que
filosofa e vê?

Espantado,
sentindo,
consentindo
como que sente
e consente,

A noite mergulha em
um sono profundo.

sábado, 23 de maio de 2020

Passado-presente

O tempo passado volta em
uma representação conceitual.

Embora o tempo seja outro,

a idéia é atual,

Pois na memória
resta o fantasma

 
De um tempo ausente:
Passado-presente.

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Vento caxinguelê

Corre suave o vento sobre
as folhas banhadas de sol.

E que depois nas tampas
dos morros se põe
lentamente.

O vento,
invade os cômodos
de uma casa velha.

Vasculha de
um canto a outro
e refresca a
quietude alerta
das aranhas.

Passa,
como se não passasse,
pelos distraídos que
assistem à televisão.

E qual um menino,
de um lugar a outro,
brinca.

Bem longe,
escuta-se:
Vento, vento
caxinguelê
cachorro do mato
quer me morder.

Espanta-te alma
que filosofa e vê?

São os meninos
que se divertem
sob o colorido mágico
das pipas que
empinam no céu.

Vento, vento caxinguelê...

quinta-feira, 26 de março de 2020

Camafeu

Camafeu: é uma pedra semi preciosa em tom cinza,
com duas camadas de cores diferentes,
numa das quais apresenta uma figura em relevo, 
usada como pingente.

 

Não carrego uma imagem
em relevo no peito,
não.

Carrego no coração

A lembrança.

E sem ser esse pedra

De camada diferente,
é pedra preciosa
igualmente.

Tenho o meu camafeu, moço!
Não pendurado no pescoço,
mas impresso no coração.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Memória de olvido

Dois tempos:
Eu  seguindo,
e tu não
.

Duas vidas:
A minha ainda,
e a tua finda.