sábado, 23 de maio de 2020

Passado-presente

O tempo passado volta em
uma representação conceitual.

Embora o tempo seja outro,

a idéia é atual,

Pois na memória
resta o fantasma

 
De um tempo ausente:
Passado-presente.

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Vento caxinguelê

Corre suave o vento sobre
as folhas banhadas de sol.

E que depois nas tampas
dos morros se põe
lentamente.

O vento,
invade os cômodos
de uma casa velha.

Vasculha de
um canto a outro
e refresca a
quietude alerta
das aranhas.

Passa,
como se não passasse,
pelos distraídos que
assistem à televisão.

E qual um menino,
de um lugar a outro,
brinca.

Bem longe,
escuta-se:
Vento, vento
caxinguelê
cachorro do mato
quer me morder.

Espanta-te alma
que filosofa e vê?

São os meninos
que se divertem
sob o colorido mágico
das pipas que
empinam no céu.

Vento, vento caxinguelê...

quinta-feira, 26 de março de 2020

Camafeu

Camafeu: é uma pedra semi preciosa em tom cinza,
com duas camadas de cores diferentes,
numa das quais apresenta uma figura em relevo, 
usada como pingente.

 

Não carrego uma imagem
em relevo no peito,
não.

Carrego no coração

A lembrança.

E sem ser esse pedra

De camada diferente,
é pedra preciosa
igualmente.

Tenho o meu camafeu, moço!
Não pendurado no pescoço,
mas impresso no coração.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Memória de olvido

Dois tempos:
Eu  seguindo,
e tu não
.

Duas vidas:
A minha ainda,
e a tua finda.


terça-feira, 6 de agosto de 2019

Olhar

Nasce o dia,
é manhã.

A lenta luz do sol,
que cai sobre as
linhas silenciosas
das vastas montanhas,
faz-se imensa.

E os olhos misturam-se
a tudo.

E tudo agora
é só olhar.

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Vento, vento...


Numa brisa suave
sopra o vento sobre as
folhas banhadas de sol.

O vento, sem que se saiba
de onde vem e nem pra onde vai,
invade os cômodos de uma velha casa.

Vasculha de um canto a outro
e refresca a quietude alerta
das aranhas.

Passa...

Como se não passasse
pelos que assistem à televisão.

E qual um menino brinca

com as folhas,
com a quietude,
e os distraídos.

Sendo o sopro do espírito
mesmo que esquecido,
escuta-se porém entre
os pequeninos:

Vento, vento
caxinguelê
cachorro do mato
quer me morder.

São estes que se divertem
com o vento e o colorido mágico
das pipas que empinam no céu.

Vento, vento
caxinguelê...

terça-feira, 2 de julho de 2019

O metafísico

"Como suportar, como salvar o visível, senão
fazendo dele a linguagem da ausência,
do invisível".

Tales de Mileto
perplexo caiu.

A escrava da Trácia
zombou e sorriu:

Se tu não vês
o que está sob teus pés,
por que indagas do que
está acima da tua cabeça?

Mas, senhora,
que é a vida senão
uma combinação
de astros e poços,
enlevos e precipícios?