“De fato o que mais nos choca não é a sinceridade, às vezes impertinente: é a arranhadela feita com mão de gato, a perfídia embrulhada num sorriso, a faca de dois gumes, alfinetes espalhados numa conversa.” Graciliano Ramos.
Numa reunião de professores (na qual estive presente) houve uma discussão sem pé e sem mão e sem cabeça. Cheia de "perfídia embrulhada num sorriso", ou de "arranhadela feita com mão de gato".
A verdade não é somente discurso onde cada qual se expressa como bem entender, não. Tampouco o homem é um balão a passear ao sabor dos ventos. Ele pode até ser um balão, como ensina Sertillanges, mas, dês que um balão preso à terra. A realidade, pois, não pode ser negligenciada, e a pergunta essencial deverá ser feita: "como é que o intelecto usa a linguagem para traduzir a realidade".
Voltando à vaca fria, os presentes aproveitaram a chance para engrossar ainda mais o “diálogo”, pois além de falarem sobre Paulo Freire, falavam também de Marx. Além disso, falavam mal do capitalismo, não obstante o fato de todos terem carro, todos vestidos de calça jeans, perfumados, casas confortáveis; em suma, uma autêntica vida burguesa.
Gosto de pessoas e autores que nos dão o tom, habituam-nos ao ar das montanhas, como ensina Sertillanges; não aqueles que por causa dos títulos julgam-se capazes. Devemos prestar atenção não em quem diz, mas no que de bom está sendo dito guardando-o na memória, ensina São Tomás de Aquino.
Aconselha-nos ainda esse mestre do pensamento: "procures imitar os exemplos dos santos e dos bons". Sem dúvida, Paulo Freire e Karl Marx não são bons, e muito menos santos. Por que então eu haveria de imitá-los?