sábado, 7 de outubro de 2017

Os ombros suportam o mundo

Carlos Drumond de Andrade

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

sábado, 16 de setembro de 2017

Belíssimo


domingo, 27 de agosto de 2017

Deixe-me

Deixe-me sentir ridículo hoje,
como ontem fui ridículo,
como ridículo estou sendo agora.

"Eu, que tenho sofrido
a angústia das pequenas
coisas ridículas..."

domingo, 18 de junho de 2017

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Retrato

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Jesus, Alegria dos Homens



"Tão forte é a tradição que as futuras gerações sonharão com aquilo que elas nunca viram." G. K. Chesterton.