sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Quanto pior, melhor

Depois de um longo dia de trabalho cheguei a minha casa e resolvi assistir à TV, canal pra lá, canal pra cá, enfim... De tanto rodar parei na TV Senado: uma gravação da Sessão Plenária do Senado Federal do dia 03.02.2011. Foi quando me deparei com o pronunciamento do senador Eduardo Suplicy, uma coisa de louco. Não obstante, fui resistindo aos trancos e barrancos às bobagens que pronunciava em defesa do assassino Cesare Battisti.

Em seguida ao pronunciamento do senador Suplicy, e eu já com os nervos em frangalhos, adveio outra figura tão esquisita quanto fora esquisita à do antecessor; nome: Inácio Arruda. Era pomposa a voz dele de locutor FM. Ocorre que falava, mas não dizia.

A seqüência parecia não ter fim. Continuei resistindo, contudo. O senador Paulo Davim aliava-se perfeitamente ao Suplicy e ao Arruda, pois ia fortalecendo os disparates destes, não porque os repetia ipsis litteris, não. Mas sim porque era incansável em sua retórica vazia.

De sorte que se não fosse o senador Demóstenes Torres, eu já começava a perguntar para Dante Alighieri: Ah! Dante por que não estás aqui para dar continuidade a tua obra magna? Qual não, desocupado leitor! Pois se acaso estivesse e conhecesse o congresso brasileiro, com certeza, haveria de aumentar o número de fossos do inferno.

Talvez me pergunte: por que você insistiu em ficar neste canal? Não, eu não insisti. Já mudei de canal. Aliás, eu já desliguei a TV.

E Já que a desliguei, encerro citando o ilustre Lima Barreto: tudo se tem de esperar neste país; mas, mesmo que uma desgraça aconteça, talvez seja útil, porque, quanto pior, melhor.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Vento, vento...

Corre suave o vento
sobre as folhas banhadas
de sol.
E elas, em um balanço quieto,
manifestam-se.

Desarranja os cabelos da moça.
Ela certa de que acertou,
desarranja-os ainda mais.

Ao mesmo tempo,
invade os cômodos
de uma casa velha,
vasculha de um canto a outro
e refresca a quietude alerta
das aranhas.

E passa também pelos
distraídos que assistem
à televisão.

Entra e sai.

Vem e vai
qual um menino de um
lugar a outro,
e como tal brinca
com as folhas e
com os cabelos
das moças e
dos moços.

De longe,
escuta-se:
– Vento, vento...
caxinguelê
cachorro do mato
quer me morder.

São os meninos
que se divertem
sob o colorido mágico
das pipas que
empinam no céu.
.
– Vento, vento...