terça-feira, 30 de dezembro de 2008

A farsa consagrada


Tendo em vista algumas discussões sobre o Código da Vinci, e o filme exibido ontem na televisão Globo, resolvi publicar o artigo transcrito abaixo por Ives Gandra Martins: A farsa consagrada. Faço-o para suscitar questões que muitas vezes não são percebidas. Assim, antes de ser um livro genial, ou de ficção como muitos acreditam para justificar as mentiras de Dan Brown, trata-se isso sim de uma “obra” cheia de inverdades acerca de “pessoas e instituições”. Neste link


Raramente tive a oportunidade de ver a consagração de uma farsa como a que está ocorrendo com o livro O código da Vinci, constituído de um fantástico amontoado de inacreditáveis inverdades, de distorções fáticas inadmissíveis, de monumental ignorância histórica, de má-fé comprovada e espetaculares mentiras com ares de mistério, capaz de gerar o interesse das pessoas pouco avisadas.

Carlos Alberto di Franco lembrou, em julho, no Estado de São Paulo algumas críticas de respeitáveis jornais estrangeiros: El mundo chama-o de ''um livro oportunista e pueril''; The New York Times de ''um insulto à inteligência''; Weekly Standard de uma ''mixórdia de narrativas inimagináveis''; The New York Daily News declara que contém ''erros crassos, que só não chocam um leitor muito ingênuo''.

O livro é péssimo. Se o autor percorreu as bibliotecas internacionais para escrevê-lo, não tem a menor capacidade de pesquisa nem de senso crítico. As afirmações históricas o excluiriam de qualquer medíocre escola, por serem quase todas incorretas e externando monumental ignorância: ''Godofredo de Buillon era um rei da França'' ou que a Bíblia é uma coletânea de textos feita por Constantino! Em que livro, de ciência ou de história, há a afirmação de que, na Idade Média, a Igreja matou 5 milhões de mulheres!!!

Em que faculdade do mundo, ensina-se que as Cruzadas foram realizadas para destruir documentos secretos no Oriente, quando se sabe que muitos dos grandes líderes das Cruzadas não eram sequer letrados! Em que livro de história está que Cristo foi casado com Maria Madalena e que esta fundou o verdadeiro Cristianismo! Em que manuscrito do Mar Morto está a verdadeira história do Santo Graal, visto que os manuscritos descobertos, não na década de 50, mas em 1947, não fazem referência ao Santo Graal, até porque é impossível à época em que foram escritos! Tais manuscritos são guardados pelo Estado de Israel, que permite o livre acesso a todos que querem vê-los, e mostram exatamente que a Bíblia tinha razão.

No mundo da informação comprovada e dos acessos às fontes, como admitir que se consiga desvendar um segredo não revelado - de 2.000 anos! - de que Cristo teve uma filha! Ou que nas vidas altamente investigadas de Boticelli, Leonardo da Vinci, Boyle, Newton, Victor Hugo, Debussy e Cocteau seus investigadores não descobriram que eles eram grandes mestres de uma fantástica sociedade secreta denominada ''Priorado de Sião'', cuja função era guardar o segredo da filha de Jesus! Todos os historiadores do mundo não descobriram o que o oportunista Dan Brown descobriu em investigações cujas fontes é incapaz de citar. A história é pisoteada por alguém que, sem escrúpulos, mente deslavadamente, sobre tudo.

Quem conhece João Paulo II, ou conheceu João Paulo I, ou João XXIII poderia admitir que fossem chefes de uma ''máfia'', com claro objetivo de assassinar pessoas, encarregando um ''monge do Opus Dei'' de fazê-lo! Esses papas seriam, pois, assassinos! Qualquer estudante de Direito Canônico sabe que o Opus Dei é uma prelazia pessoal, que objetiva dignificar a condição humana e que não tem monges, por não ser uma instituição religiosa, mas secular.

E não continuo, neste curto artigo, a mostrar todos os erros, enganos, falsidades, mentiras, aleivorias apresentadas sem qualquer base documental, pois o espaço não me permite. Quero, todavia, deixar minha estupefação ao verificar que tal coleção de inverdades, que objetiva denegrir pessoas e instituições, só é possível em face da liberdade de expressão e do livre arbítrio, valores maiores sempre pregados pelo Cristianismo no mundo.

Gostaria de saber se o autor Dan Brown teria a coragem de dizer tantas inverdades contra o Islamismo ou Maomé. Até nisto, o referido cidadão norte-americano demonstrou seu oportunismo e objetivo maior, qual seja, ganhar dinheiro à custa dos incautos e da curiosidade gerada pela produção de escândalos fabricados.

Publicado pelo Jornal do Brasil em 16/12/2004.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Feliz aniversário

No dia 28 de agosto fiz aniversário. Digo isso não para lembrar a minha data de nascimento aos que eventualmente entram neste blog, não. Mas sim para postar o presente que recebi de meu amigo Zé Renato. Obrigado por suas palavras, pois elas me estimulam ao trabalho.

Abraços,



Querido professor,

Por mais que eu saiba da nossa amizade e afinidade eu não consigo me referir a você sem esse tratamento especial. Não é nada além de uma ordem natural que se deu no meu comportamento, pois, de fato, o maior professor que tive foi você. Me sinto muito afortunado por ter contato com pessoas tão iluminadas e por ser testemunha de sua gradual simpatia com o pensamento conservador seguida de sua conversão ao catolicismo. Me sinto feliz, não somente por aproveitar de toda a honestidade do seu pensamento depois dessa revelação, mas também, por ser um dos seus convivas em um dos momentos, sem dúvida, mais felizes de sua vida em decorrência das inspirações recentes.

Vi poucas pessoas tão capazes de desenvolver sua própria inteligência com tanta rapidez. Nesses poucos anos, desde a primeira aula sua que eu assisti até hoje, sua elevação intelectual é muito nítida. E é claro, guardando as proporções e limitações, eu mesmo embarquei de carona nessa ascensão. Você, professor, tem grande parte na minha formação até agora.

Foi aí no escritório ouvindo algumas de suas falas que pude compreender algumas virtudes fundamentais. Aprendi a ser mais amigo dos meus amigos, mais prudente quando precisava de calma, mais humilde quando me achava sabedor demais. Ficou muito guardada na minha memória uma ocasião, onde eu e Clarissa estávamos na aula de Lógica e você começou a falar sobre a coragem de Sto Tomás ao se libertar de todos os prazeres terrenos para se dedicar as coisas do alto. Ninguém podia explicar a coragem com uma expressão daquelas, sem conhecer a realidade da coragem.

Agradeço aqui por todas as boas coisas feitas por você na minha vida, desejando grandes alegrias e as conquistas que todo homem de bem merece. Receba aí o abraço que eu não posso dar agora. Tenha um grande ano, você merece tudo de bom.

Meus parabéns!